Provedores de A2A podem superar os cartões. Nós só precisamos aprender com eles primeiro.

Pagamentos A2A e cartões de crédito são vistos como rivais no fintech, mas o fundador da Zimpler, Johan Friis, vê isso de forma diferente.

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“A competição entre cartões e pagamentos A2A é justa? Eu não acho,” diz Johan Friis. “Quando você paga com cartões, todo o sistema de roteamento procura otimizar automaticamente a aceitação, conversão e custos de transação. Com o tempo, os chamados ‘trilhos’ dos cartões aprimoraram seu processo, usando uma rede de adquirentes para rotear todas as transações automaticamente.”

Na última década, as transações através de cartões e os pagamentos de conta para conta (A2A) transformaram o mundo das fintechs. O que era um mercado simples dominado pelos provedores tradicionais evoluiu para um setor dinâmico com novos players, tecnologia avançada e mudanças nas preferências dos consumidores.

Muitas vezes, vemos os pagamentos A2A e os cartões de crédito como rivais no mercado de transações digitais, cada um oferecendo benefícios distintos. No entanto, pode-se questionar até que ponto eles realmente concorrem entre si.

Muito já foi discutido sobre a briga entre “cartões vs. pagamentos A2A”. Johan Friis, cofundador da Zimpler, oferece uma perspectiva diferente sobre o que é necessário para que os pagamentos A2A realmente superem os cartões.

A indústria madura e a imatura.

“A competição entre cartões e pagamentos A2A é justa? Eu não acho,” diz Johan Friis. “Quando você paga com cartões, todo o sistema de roteamento procura otimizar automaticamente a aceitação, conversão e custos de transação. Com o tempo, os chamados ‘trilhos’ dos cartões aprimoraram seu processo, usando uma rede de adquirentes para rotear todas as transações automaticamente.”

Em outras palavras, o sistema de cartões é configurado para rotear transações automaticamente através dos canais mais eficientes e econômicos dentro da rede. Ao priorizar taxas de aceitação e conversão, as transações com cartão tentam garantir uma experiência de pagamento amplamente aceita e eficiente para os consumidores, beneficiando-se da infraestrutura estabelecida das redes de cartões e seus parceiros adquirentes.

“O setor de A2A não opera assim, e isso está nos prejudicando. O setor ainda está amadurecendo nesse sentido, mas, por mais que gostemos de inovar e avançar no mercado de pagamentos, poderíamos aprender muito com os pagamentos tradicionais — como os cartões — quando se trata de roteamento. Eu acho que isso poderia mudar o rumo das coisas,” diz Johan.

Por que os provedores A2A deveriam se unir.

A maneira como funciona hoje é que cada provedor de A2A vende sua cobertura bancária específica em um determinado mercado. Cobertura essa que eles ganharam através de longos processos, parcerias e integrações diretas com bancos, e na qual são totalmente dependentes, já que toda a sua oferta depende da infraestrutura bancária. Mas isso também apresenta diversos desafios, pois entrar em novos mercados é um processo lento, extremamente burocrático e arriscado.

No entanto, há algumas exceções, como é o caso do Brasil. Lá, o sistema de pagamentos A2A é chamado de Pix, e ele foi criado pelo Banco Central em 2020 para atender a todo o sistema bancário brasileiro, facilitando as transações em todo o país.

E para os demais casos, existe alguma solução? Claro, se você perguntar a Johan Friis.

“Todos que fornecem, usam ou oferecem soluções de pagamento A2A, a longo prazo, se beneficiariam da aplicação do mesmo esquema de roteamento dos cartões. Nossos inimigos do time dos “tradicionais”, o Trustly e o Truelayer, por exemplo, poderiam facilmente se tornar nossos ‘inimigos amigáveis’, ou ‘frenemies’, enquanto avançamos nosso setor inteiro juntos — batendo de frente com os cartões. E nós ganharíamos,” diz Johan Friis com um sorriso. No caso do Brasil, players como Belvo e Iniciador, referências em soluções de open banking, assumiriam o posto de “frenemies”.

Então, como tudo funciona hoje, sem a infraestrutura compartilhada? Vamos olhar primeiro do ponto de vista do consumidor.

Quando o consumidor chega ao checkout em um site, são apresentadas diferentes opções de pagamento. Por exemplo: cartões, boleto, carteira eletrônica e alguns provedores de A2A oferecendo transferências bancárias instantâneas — no caso do Brasil, o Pix. Quando ele escolhe a opção com cartão, não precisa escolher provedor, adquirente e mais nenhuma outra coisa. Ele apenas insere os dados do cartão, e um sistema otimizado faz os cálculos, garantindo a transferência mais eficiente.

Mas, vamos imaginar que nosso consumidor não está no Brasil e ele deseja pagar com A2A, a história muda um pouco. Primeiro, o provedor de A2A deve ter uma cobertura bancária relevante o suficiente para ser elegível para estar no checkout do site. Em seguida, o consumidor precisa escolher manualmente com qual provedor pagar antes de esperar que o provedor A2A escolhido ofereça o serviço através do seu banco.

“Há uma oportunidade enorme para os players de A2A se unirem e oferecerem uma maneira mais otimizada de pagar instantaneamente, e ainda construir fluxos de receita mais estáveis ao longo do tempo,” argumenta Johan Friis.cenário financeiro. Por meio do compartilhamento de informações e da integração de tecnologias avançadas, o sistema aberto promove a concorrência, a inovação e o empoderamento do consumidor sobre seus dados.

Prejuízo no curto prazo e sucesso no longo prazo.

Na prática, o que aconteceria é, quando um consumidor escolhesse pagar com uma transferência bancária instantânea, ele apenas escolheria o seu banco. Ou seja, não interessa para o consumidor saber qual provedor de A2A está cobrindo aquele banco específico naquele mercado específico. A loja que oferece o checkout poderia ter dois, quatro ou até mesmo oito provedores de A2A integrados ao seu sistema — garantindo 100% de cobertura bancária para qualquer mercado.

Isso também significa que cada provedor de A2A poderia dar mais atenção aos seus bancos principais, garantindo taxas de conversão e aceitação de primeira linha — algo muito difícil de conseguir por conta própria, abrangendo todos os bancos.

“Se nós na Zimpler sentimos que nossa concorrência está oferecendo um serviço melhor com um banco específico, devemos deixar aquele banco para eles, ou melhor, o mercado nos incentivaria a fazer isso, e vice-versa. Sim, isso significa uma perda para todos os provedores no curto prazo, mas eu realmente acredito que isso beneficiaria a todos nós a longo prazo. Porque seríamos capazes de expandir para mais mercados de forma mais eficiente e também avançar todo o ecossistema A2A em conjunto.”

Os benefícios também são inúmeros para as empresas e seus consumidores. Empresas que escolhem integrar soluções de pagamento A2A sempre terão o melhor produto pelas taxas mais competitivas, sem redundância. E os consumidores sempre terão o melhor produto e a melhor experiência do usuário possível, independentemente do banco que escolherem.

“Nós amamos nossos ‘frenemies’. Porque estamos revolucionando toda a indústria de pagamentos juntos. Se os nossos concorrentes estão fechando negócios, ficamos felizes, porque isso significa que estamos impulsionando a mudança para um setor de pagamentos mais acessível e inclusivo”, concluiu Johan Friis.

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Francesca Portoso Avatar
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